quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Teatro

A arte é um dos prazeres que mais me identifico, responsável por expandir meus conhecimentos, e marcado por esconder meus sofrimentos.  Um corpo, um rosto, uma voz e milhares de personagem.


Seguindo em frente...entre tantas situações de superação me deparo com o retorno a arte, um ano após o acidente, fui contemplado com um encontro de “gigantes”, uma professora de um talento excepcional decide reunir alguns alunos, que marcaram na história da arte na cidade, um  grupo que foi conhecido como: “ Muamba que vale ouro” ela manda e-mail para alguns alunos e mesmo distantes a notícia se espalha entre eles com os dizeres:  a professora está convidando para reunir na casa dela e pediu para cada aluno levar um texto para representar durante o encontro, só para nos divertir, o encontro era para diversão mas na minha cabeça eu tinha que apresentar algo que pudesse tocar as pessoas, algo de impacto, afinal eu precisava superar meus medos e ao mesmo tempo mostra o que aprendi. Procurei um texto que encaixasse com aquela situação, foram duas semanas de ensaio antes do encontro, para algumas pessoas era apenas um encontro, para mim era a apresentação do ano. O dia chegou eram poucos os confirmados para o encontro, fui uns dos primeiros a chegar, em seguida chegou “um Rei, uma odalisca e o conselheiro”, depois de uma hora a casa estava cheia o grupo estava reunido, depois de muitas descontrações, lembranças da época de estudos, todos se preparam para apresentar seus textos, o primeiro a se apresentar foi o Rei com sua boneca torta, o fantoche mais engraçado da história, a presença dele no palco, era a nossa referencia de atuação e novamente ele foi esplendido... Poucos minutos depois eu já era o próximo a me apresentar, eu estava muito nervoso, meu rosto esta pintado com a parte triste da máscara do teatro, em parceria com a parte feliz da máscara, minha cabeça a mil com vergonha do meu braço, era a primeira vez que iria tirar minha tipoia em público, e o resultado foi milagroso. Ao declamar o texto de William Shakespeare e ao mesmo tempo eu olhava a admiração de cada um naquela sala, os olhos de alguns até encheram de lagrimas, após a última fala as luzes se acenderam, os aplausos duraram 20 segundos, depois de cinco peças teatrais,  mais de 900 apresentações, prêmios de melhor ator em algumas dessas, esses 20 segundos de aplauso valeu por toda história da arte na minha vida, o processo de mudanças estavam acontecendo... naquela mesma tarde tivemos os faxineiros trapalhão, tivemos o mendigo e suas revoltas (o famoso Teixeira), tivemos o senhor violão e sua donzela e para finalizar a professora com seu talento, veio em forma de agradecimento... Foi tocando em cada aluno com uma folha amaçada na mão gritando eu quero chu, a cada toque as pessoas começavam a segui-la  e gritando quero chu...quero chu...quero chu  após tocar em todos presente no local, formando um círculo de amizade, ela olhou para todos e disse vocês querem chu ? Todos gritando, sim!!! Então ela olhou para todos pegou o seu papel que representava uma vela, e fez chu que representou um sopro! Todos aplaudiram depois se abraçaram, e partimos cada um para sua casa. Esse encontro deu força para superar meus medos e preconceito.

 Obrigado a todos os atores presente nesse espetáculo da vida real.

Segue trecho do texto apresentado naquela tarde:

Um dia você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias.  E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem tem na vida. Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendemos que os amigos mudam.

William Shakespeare