Pensando em tudo que aconteceu, percebo que
morri dentro do sonho, e acordei na realidade da vida. A valorização do amor
para com as pessoas, sentimento que não expressava para todos, hoje é o
primeiro sentimento com que acordo todos os dias. E cada dia superando a
dor que jamais achei que iria ter.
Foi assim que começou, em um momento que não
pensamos em nada, apenas em viver, e de repente em um piscar de olhos, tudo que
você almeja está tão perto de você, mas só percebe quando está próximo do
fim. São poucos os que tem a oportunidade e a chance de agradecer.
Eu tive essa Chance...
Um dia antes foi
um dia cansativo, dediquei a trabalhar um pouco
mais que o normal, fiz duas horas de extra de trabalho, após o
expediente ao invés de ir pra casa descansar, fui encontrar uma pessoa, eu
estava muito cansado e sem paciência, e meio as palavras mal colocadas e falta
de entendimento a conversa acabou em discussão. Embora eu não lembre o motivo
da discussão, sei que o assunto foi se alongando e foi ficando tarde,
cheguei em casa por volta de meia noite, meia noite e meia. Lembro -
me que era uma sexta - feira agradável, noite de temperatura boa e o céu
cheio de estrelas, propício para fazer uma caminhada,
namorar, ou até ir para uma balada. Sexta- feira à noite para mim
sempre foi noite de diversão, com 24 anos e muita energia para gastar. Toda semana não via a hora da sexta-feira
chegar. Mas com o corpo cansado, e mente
a milhão devido a discussão, decidi ficar em casa e fui fazer que amo
fazer assistir filmes! Deitei-me para assistir o filme e em poucos
minutos, dormi tão rápido que não lembro nem de ter assistido um terço do
filme. No dia seguinte acordei às nove da manhã, geralmente levanto e vou
aproveitar o dia, ainda mais um sábado de sol como estava nesse
dia... Mas não foi o que aconteceu, permaneci no colchão que tinha
colocado no meio da sala, e fiquei assistindo desenho, especificamente Sábado
Animado do canal (SBT). Por volta das 10h36min foi quando meu amigo
Antônio chegou em casa, conversamos um pouco, então ele disse: “hoje estou meio
desanimado empresta a moto para eu dar uma volta, faz um tempão que
não tomo aquele ventinho bom na cara”. Como é um amigo que confio muito,
não pensei duas vezes e disse pega aí a chave encima da mesa,
hoje não vou sair pode ir tranquilo.
No mesmo minuto,
voltei a deitar e assistir desenho, depois de mais ou menos
uns 34 minutos, Antônio retorna e sem nenhuma explicação, e
diz: ”Perdi a vontade de andar, não cheguei nem a ligar a
moto, (deixou a chave da moto encima da mesa da sala) vou para casa
deitar um pouco”. Não sei explicar, mas assim que ele saiu levantei do colchão,
fui tomar um banho, e tive o mesmo pensamento que esse meu amigo, “acho
que vou dar uma volta para arejar a mente”. Assim que sai do banho recebi
uma mensagem de outro amigo, ele dizia queria conversar, e que também
precisava ir a Osasco. Pensei por que não unir o útil ao agradável... Então
combinamos de se encontrar em Osasco, terminei de me arrumar e liguei para ele.
Disse que estava saindo de casa, que em uns 30 minutos estaria lá, no local
combinado. Foi então que peguei minha moto e sair para encontrá-lo,
ainda no bairro que eu morava, percebi que o tanque de gasolina estava
pela metade, dava tranquilamente para eu ir a Osasco e voltar e ainda
sobrava... Eu morava em Itapevi, e antes de sair da cidade parei
para encher o tanque, e liguei novamente para esse meu amigo para ver onde ele
já estava, estava a caminho porem atrás de onde eu estava isso era por
volta das 14h, aguardei mais uns 10 minutinhos e vi que ele não vinha
então seguir para o local combinado.
Dia 20/10/2007 As 14h20min no km 29 da rodovia
Pres. Castelo Branco colidir violentamente com uma moto, e uma camionete,
imediatamente fiquei inconsciente, e pelo tanque de gasolina estar cheio, a
moto pegou fogo, e carbonizou. No dia seguinte constatou sete fraturas do lado
esquerdo do meu corpo, e a confirmação que eu não iria mais mexer o braço
esquerdo, e também teria a possibilidade de não mais andar. esse ano de 2017
completa 10 anos do ocorrido, recuperei boa parte do meu corpo, voltei a
andar, e a cada dia vivo uma superação de não conseguir mais mexer o
braço esquerdo.
Talvez se no dia anterior eu não tivesse feito
hora extra no trabalho, não teria me cansado tanto, talvez eu não tivesse
discutido com uma pessoa, talvez eu tivesse aproveitado aquela noite de
céu estrelado, talvez eu assistisse ao filme completo, e talvez eu não
acordasse sábado de manhã para assistir desenho na minha casa, talvez meu
amigo não sentisse vontade de andar de moto, afinal ele quis andar, por que viu
a moto na minha garagem e sabia que eu estaria em casa, talvez se meu outro
amigo não quisesse conversar, ou procurasse outro amigo ao invés de
mim, talvez eu não tivesse enchido o tanque na minha moto, pela
quantidade de combustível que tinha dava para eu ir e voltar tranquilamente,
talvez eu chegasse 10 minutos adiantando no local combinado. Enfim, são tantos
os talvez, que se talvez minha mãe não tivesse conhecido meu pai, talvez
eu não nascesse para contar essa e outras historias.
Acredito que tudo tem uma razão e um por
que... E que o talvez, talvez seja só uma expressão...
Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de
minha vida. Mas farei que elas percam a importância diante dos gestos de amor
que encontrei.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais
horas realizando do que sonhando, fazendo do que planejando, vivendo
do que esperando, embora quem quase morra esteja vivo, quem quase vive já
morreu.